Com retomada de projeto interrompido pela Covid-19, mosquito que ajuda no combate à dengue será liberado em dezembro na Capital

Categoria: Geral | Publicado: quarta-feira, novembro 4, 2020 as 08:00 | Voltar

A pandemia do Covid-19 adiou para dezembro, a liberação de mosquitos do Método Wolbachia, que ajudarão no combate à dengue, zika e chikungunya em Campo Grande. Os bairros Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado deverão receber o Aedes aegypti com Wolbachia. A liberação acontece juntamente com a inauguração da biofábrica instalada na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS) localizado na Capital.

Criada pelo World Mosquito Program (WMP), a iniciativa é conduzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), implementada em Campo Grande com apoio da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O método demonstrou significativos resultados em Niterói, no Rio de Janeiro, no combate ao vírus propagador de doenças. O projeto foi adiado em razão da pandemia do coronavírus, mas retomado este mês.

Segundo o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, a iniciativa representa um verdadeiro alívio para Mato Grosso do Sul que sofre com a doença há muitos anos. “Apenas os investimentos na ciência e na pesquisa, como o Governo de MS tem feito, poderemos encontrar soluções para combater eventuais epidemias”.

O Método Wolbachia será implementado em toda a área urbana da Capital em cerca de três anos. Na sede do Lacen, espaço cedido pelo Governo de MS via SES, a biofábrica abrigará salas para a produção dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia do WMP Brasil/Fiocruz, bem como para triagem das larvas provenientes das ovitrampas utilizadas no monitoramento. A estimativa de produção semanal é de cerca de um milhão e meio de mosquitos com Wolbachia.

Líder do Método Wolbachia no Brasil e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, explica que o projeto é resultado da descoberta do WMP de que o mosquito Aedes aegypti, quando contém a bactéria Wolbachia, tem sua capacidade reduzida de transmitir as três doenças citadas. “Campo Grande é uma cidade de médio porte que tem problemas de dengue e, então, foi escolhida no Centro-oeste para mostrar que o projeto pode funcionar em diversos biomas do Brasil”, pontua.

O pesquisador explica como o Método vai funcionar na Capital. “A iniciativa trabalha da seguinte maneira: é feito um trabalho de engajamento para explicar sobre o projeto tirar todas as dúvidas, e assim ter o apoio da população. Depois entra a fase de liberação dos mosquitos por determinado período, cerca de 16 semanas. Esses mosquitos vão se cruzando na natureza e, com o passar do tempo, haverá uma grande porcentagem do mosquito naquela localidade com a Wolbachia, com isso esperamos ter uma redução das doenças e podemos proteger a população”,

Enquanto não são liberados os mosquitos, profissionais de saúde, profissionais de educação e diversos outros parceiros locais seguem na primeira fase do projeto, apresentando o Método Wolbachia à população, tirando suas dúvidas e dialogando sobre as formas de combater as arboviroses.

Em junho deste ano, os técnicos da OPAS visitaram as obras da biofábrica em Campo Grande. Na avaliação positiva, os técnicos reiteraram para que a SES focasse além das ações ao enfretamento à Covid-19, ministrassem as ações de combate ao vetor Aedes aegypti no Estado.

Método Wolbachia

A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Importante ressaltar, que não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.

O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerar uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia.

Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações. O Método Wolbachia foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program, uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha no combate às doenças transmitidas por mosquitos e atualmente opera em 12 países, em mais de 20 cidades.

No Brasil, o método é implementado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com governos locais. Após resultados muito promissores de redução destas arboviroses no Brasil e no mundo, o WMP entrou em expansão nacional no ano de 2019. Atualmente o WMP está sendo implementado nas cidades de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG) com financiamento do Ministério da Saúde e em parceria com os Governos locais e diversos outros parceiros locais.

Rodson Lima, SES

Publicado por: Rodson Carmo de Lima

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